domingo, 20 de junho de 2010

José Saramago - O Homem que dizia não

JOSÉ SARAMAGO (1922-2010)

O homem que dizia não

Por Washington Araújo em 18/6/2010

Morreu o homem de Lanzarote. E o mundo encolheu de ontem pra hoje: Saramago recebeu o ponto final. Além de haver sido o ganhador do primeiro Nobel de literatura concedido a escritor de língua portuguesa, foi a grande referência para a esquerda em todo o planeta. Nesse segundo aspecto guarda forte semelhança com o ideário político de nosso longevo e brilhante Oscar Niemeyer. Saramago foi alguém cuja arte literária se firmou ante a Academia do Nobel como mais representativo em nossa língua que Carlos Drummond de Andrade, Jorge Amado, João Cabral de Mello Neto. Recebeu o Nobel com 76 anos em uma época em que já era escritor prolífico, traduzido em dezenas de idiomas e tendo agregado junto à sua obra multidão de leitores com uma fidelidade inquebrantável.
Contava 87 anos de idade e pelo menos uns 12 séculos de história. Sua casa em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, era a própria caverna do pensador inflamado e do justiceiro impiedoso para com as falsas quimeras. Era filho de pastores analfabetos e pobres; segundo o próprio Saramago, "para quem o livro era um luxo inatingível".
Sua estréia como escritor foi pontuada por amplos travessões e gritantes silêncios. O primeiro romance foi publicado em 1946 quando contava 23 anos de idade e o segundo somente veria letra tipográfica depois de 30 anos, em 1976. E fez um pouco de tudo: mecânico, funcionário público, gerente de gráfica, revisor, tradutor, articulista de jornal.
Totalitarismo revisitado
Aprendi a admirar Saramago muito cedo, contava ainda menos de 20 anos e ficava encantado com aquele texto avançando sobre as páginas, ignorando por completo idéias tão obscuras quanto parágrafos, letras maiúsculas, pontos finais. A escrita de Saramago é formada por potentes blocos de prosa sem pit-stop e nada de quebra de parágrafos e muito menos uso de aspas.
Intuo que pesquei dele esse jeito de me esparramar sobre o tema que desejo tratar e não poucas vezes entendo que se não fosse pela paciência e dedicação de uns poucos amigos (e revisores) toda a idéia seria abarcada, de um só jato, sobre o bloco primeiro do texto. Foi com o tempo que constatei ser impossível escrever aos pedaços e também impossível ser lido sem render reverência à necessidade que os textos têm de respirar e para isto vieram à existência os parágrafos e, mais além, o luxo que os bons intertítulos desfrutam, para deleite dos leitores. Era o ponto de união entre tradicionalismo e vanguardismo.
Saramago tinha jeito de rio caudaloso, guardando a extensão do Nilo e a vazão do Amazonas, e era dado a conchavos com a criatividade: Evangelho segundo Jesus Cristo, Ensaio sobre a cegueira, A viagem do elefante, Ensaio sobre a lucidez, Memorial do convento, A caverma, Cadernos de Lanzarote. Vendeu mais de dois milhões de exemplares em todo o mundo. Fernando Meirelles levou às telas em 2008 o inquietante Ensaio sobre a cegueira.
Era um autor crítico, utópico, comunista. Diante da Real Academia da Suíça disse que se para ganhar o Nobel tivesse que renunciar às suas convicções, renunciaria antes ao prêmio. Quando, pressionado pela igreja católica, o governo português bloqueou a entrada no país de um Prêmio Literário Europeu, em 1992, ele não demorou a seguir para o exílio nas ilhas Canárias, uma possessão espanhola.

E foi sempre um homem apaixonado. E sua paixão era a mulher, Pilar Del Rio, conhecida jornalista espanhola. "A ela, devo toda a minha vida", diria em 1993. Nada lhe passava batido. São recorrentes suas declarações e impressões sobre os conflitos de Chiapas, o regime cubano, a guerra no Iraque, a causa palestina, o Haiti. Suas idéias esbanjavam clareza. Foi um dos primeiros intelectuais europeus a visitar, ainda em 2002, a Cisjordânia e o que viu lá o levou a comparar o tratamento concedido por Israel aos palestinos com o Holocausto.

A ética foi o princípio criativo que brilhou em toda a sua produção intelectual. Achava cômico ser classificado como escritor triste, soturno, melancólico. Dizia ser seu direito esposar o pessimismo após viver em uma época com tantos conflitos armados ruinosos, com a destruição de Guernica, campos de extermínio mantidos pelos nazistas nos anos 1940, explosão de bombas atômicas sobre cidades japonesas, disseminação do agente laranja no Vietnã, os horrores de Abu Ghraib.
Para ele a globalização devia ser vista como uma nova forma de totalitarismo e lamentava o fracasso da democracia contemporânea em conter o sempre crescente poderio das empresas multinacionais.
Ponto de separação
É de admirar que alguém reconhecidamente pessimista tivesse seu grande sucesso de vendas com a cômica história de amor Baltasar e Blimunda, romance que retrata as desventuras de um trio de pessoas excêntricas em vias de ser exterminado pela Inquisição: um padre hereje que inventa uma máquina voadora, um ex-soldado e a filha de um feiticeira dotada com visão de raio-X, sendo os amantes os dois últimos.
O crítico Irving Howe destacou em sua obra a reunião de uma fantasia lírica a um realismo áspero e só Deus sabe o que isso quer dizer, ainda mais agora, que não temos entre nós o bom decifrador de textos que foi Wilson Martins. Saramago era em boa medida a voz ceticismo europeu e, todos hão de concordar, era o mestre dos mestres na arte da ironia.

E era paradoxal tal qual o tempo em que viveu. Embora seus principais romances denotassem intensa preocupação com Deus, afirmava-se ateu militante. "A história humana seria muito mais tranqüila não fossem as religiões", dizia Saramago.

Quem não se lembra de uma das passagens mais líricas e inquietantes da obra de Saramago, revelada no excelente Evangelho segundo Jesus Cristo? Refiro-me à passagem em que Jesus na cruz pede desculpas à humanidade... pelos pecados de Deus. E tem início aí a bifurcação a separar seus admiradores de seus críticos. Os primeiros afirmavam ser essa percepção profundamente religiosa e os segundos, encontravam nela nada mais que explicita blasfêmia. Tal foi o escritor Saramago.

Grafado em pedra

Não vou deixar de compartilhar o quanto me agradou a leitura do seu A viagem do elefante. Neste, o autor detalhava em profundidade a história real, ocorrida nos 1700, em que o rei de Portugal tratava de levar o pobre quadrúpede de Lisboa para Viena. Todos os prós e todos os contra se encontram em transe literário e nos fazem pensar como é que alguém consegue extrair uma história cativante a partir desse enredo? Entretanto, há que se convir que Saramago tem o poder que poucos tem para descrever coisas e fatos e, caso não fosse a fatídica e hilária viagem do elefante por terras européias, ele poderia nos convidar a mergulhar numa xícara pequena de café e dali sair com a sensação que a literatura pode mais que qualquer tudo.
Em entrevista à televisão espanhola em fins de 1998 declarou que não tinha tempo para pensar na morte porque tinha muitas coisas que lhe faziam viver. E também não flertava com arrependimento: "Se tivesse que reviver tudo de novo, mesmo com o que há de triste, de mal, de feio, ainda assim, viveria tudo de novo".

E quando alguém for levar flores ao túmulo de José Saramago bem poderia ler na lápide a ofuscante inscrição:
Jaz aqui o homem que ousou dizer não.

 
Bibliografia
Fonte: Fundação José Saramago

Terra do Pecado – Romance, 1947


Os Poemas Possíveis – Poesia, 1966


Provavelmente Alegria – Poesia, 1970


Deste Mundo e do Outro – Crónicas, 1985


A Bagagem do Viajante – Crónicas, 1973


As Opiniões que o DL teve – Crónicas, 1974


O Ano de 1993 – 1987


Os Apontamentos – Crónicas, 1976


Manual de Pintura e Caligrafia – Romance, 1977


Objecto Quase – Conto, 1978


A Noite – Teatro, 1979


Poética dos Cinco Sentidos – O Ouvido – Ensaio, 1979


Levantado do Chão – Romance, 1980


Que farei com este livro? – Teatro, 1980


Viagem a Portugal – Viagens, 1980


Memorial do Convento – Romance, 1982


O Ano da Morte de Ricardo Reis – Romance, 1986


A Jangada de Pedra – Romance, 1986


A Segunda Vida de Francisco de Assis – Teatro, 1987


História do Cerco de Lisboa – Romance, 1989


O Evangelho Segundo Jesus Cristo – Romance, 1991


In Nomine Dei – Teatro, 1993



Ensaio Sobre a Cegueira – Romance, 1995



Cadernos de Lanzarote – 1993-1995 – Diário, 1997



Cadernos de Lanzarote I – Diário, 1994



Cadernos de Lanzarote II – Diário, 1995



Cadernos de Lanzarote III – Diário, 1996



Todos os Nomes – Romance, 1997



Cadernos de Lanzarote IV – Diário, 1998



Cadernos de Lanzarote V – Diário, 1998



O Conto da Ilha Desconhecida – 1998



A Estátua e a Pedra – Texto de encerramento de um convénio na Universidade de Turim, Diálogos sobre a Cultura Portuguesa. Literatura-Música-História



Discursos de Estocolmo – 1999



Folhas Políticas (1976-1998) – 1999



A Caverna – Romance, 2000



A Maior Flor do Mundo – Conto, 2001



O Homem Duplicado – Romance, 2002



Ensaio Sobre a Lucidez – Romance, 2004



Don Giovanni ou o Dissoluto Absolvido – Teatro, 2005



Poesia Completa – Poesia, 2005



As Intermitências da Morte – Romance, 2005



As Pequenas Memórias – 2006



A Viagem do Elefante – Romance, 2008



O Caderno – Textos escritos para o blogue. Setembro de 2008 a Março de 2009, 2009



Caim – Romance, 2009



O Caderno 2 – Textos escritos para o blogue. Abril de 2008 a Novembro de 2009, 2009





Funcionários de Escola e a inclusão no Plano de Carreira do Magisterio

segunda-feira, 7 de junho de 2010


E os funcionários das escolas?

Quando foi aprovada a Resolução da CEB/CNE n° 02 de 2009, que estabeleceu as diretrizes para os planos de carreira do magistério, muitas vozes se levantaram e perguntaram se, pela milésima vez, as decisões educacionais manteriam os funcionários das escolas escondidos “debaixo do tapete”, como se invisíveis fossem esses servidores.



A única referência na referida Resolução é no parágrafo segundo do seu artigo segundo.



Artigo 2°. ................

§ 1°. ........................

§ 2º. Os entes federados que julgarem indispensável a extensão dos dispositivos da presente Resolução aos demais profissionais da educação poderão aplicá-los em planos de carreira unificados ou próprios, sem nenhum prejuízo aos profissionais do magistério.



Ou seja, chutou a bola em direção aos sistemas estaduais e municipais, remetendo a eles a decisão de incluir os funcionários das escolas nos futuros planos ou não. Este formato, com certeza, favoreceu a exclusão destes servidores, pois é bem mais fácil revisar um plano que contempla apenas o magistério, do que ampliar o seu escopo para todos os trabalhadores em educação.



Esta polêmica é um pouco mais antiga. Resgato aqui algumas referências legais importantes deste debate.



1. Em 2005, a Câmara de Educação Básica aprovou a Resolução n° 05/2005, que criou a 21ª Área Profissional, denominada de Serviços de Apoio Escolar. Esta nova área seria oferecida em cursos técnicos de nível médio, com carga horária mínima de 1200 horas para cada habilitação profissional da nova área.



2. O Parecer n° 16 de 2005, que embasou a Resolução acima citada, definiu a nova área da seguinte forma:



Compreende atividades em nível técnico, de planejamento, execução, controle e avaliação de funções de apoio pedagógico e administrativo nas escolas públicas e privadas de Educação Básica e Superior, nas respectivas modalidades.



Tradicionalmente, são funções educativas que se desenvolvem complementarmente à ação docente. Esses Serviços de Apoio Escolar são realizados em espaços como secretaria escolar, manutenção de infra-estrutura, cantinas, recreios, portarias, laboratórios, oficinas, instalações esportivas, jardins, hortas e outros ambientes requeridos pelas diversas modalidades de ensino. As funções de secretaria escolar, alimentação escolar, multimeios didáticos e infra-estrutura dão origem às habilitações profissionais mais correntes na área (grifos nossos).



3. A consequência esperada era que fossem oferecidos cursos técnicos de nível médio em quatro habilitações: secretaria escolar, alimentação escolar, multimeios didáticos e infra-estrutura. Estas habilitações deveriam provocar uma completa revisão no formato dos cargos de funcionários das escolas, garantindo uma profissionalização para a área educacional.



4. No final de 2006, quando da aprovação da Emenda Constitucional n° 53, o artigo 2006 da Constituição Federal foi alterado, criando o conceito de “profissionais da educação escolar.



“Art. 206. .................................................................................

....................................................................................................

V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas;

....................................................................................................

VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal.

Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.”



5. Porém, a EC remeteu para uma lei federal a tarefa de definir quem seriam estes trabalhadores e sobre a fixação e prazo para elaboração ou adequação dos respectivos planos de carreira. Este conjunto de profissionais, onde estariam incluídos os profissionais do magistério, deveriam ter direito a um piso salarial profissional nacional.



6. Em 2009 foi aprovada a Lei n° 12014, que dentre outras coisas, alterou o artigo 61 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que passou a ter a seguinte redação:





Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são:



I – professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio;

II – trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas;

III – trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim (grifos nossos).



É neste cenário legal que se insere a recente aprovação pela Câmara de Educação Básica do CNE do Parecer n° 09 de 2010, que aponta para a elaboração de planos de carreira para os funcionários da educação básica.



Luiz Araújo

Pesquisa sobre a qualidade da educação infantil

sexta-feira, 18 de junho de 2010


Pesquisa sobre a qualidade da educação infantil

Na semana passada, durante dois dias, pesquisadores e gestores educacionais tiveram a oportunidade de conhecer os resultados preliminares da pesquisa “EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL: AVALIAÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA”.

Esta pesquisa foi desenvolvida pela Fundação Carlos Chagas, por meio de uma parceria entre o Ministério da Educação e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A pesquisa foi feita em 2009 e 2010 e teve por objetivo fornecer informações sobre a qualidade do atendimento da educação infantil e seu impacto no aproveitamento dos alunos no início do ensino fundamental.

A pesquisa foi feita em seis capitais (Belém, Campo Grande, Florianópolis, Fortaleza, Rio de Janeiro e Teresina). A professora Maria Malta Campos foi a coordenadora do grupo de pesquisa.

Utilizando uma escala de zero a dez, a equipe analisou inúmeros indicadores que podem evidenciar a existência de qualidade numa escola de educação infantil. Dentre eles destaco a existência de livros, de atividades apropriadas, dos insumos mínimos, etc.

O resultado, mesmo que o universo tenha sido unidades de educação localizadas nas capitais, foi desastroso. A média alcançada para o atendimento em creche foi de 3,3. A cidade de Belém, por exemplo alcançou apenas 2,7 e Florianópolis recebeu a maior nota (4,4), mesmo que abaixo da metade da pontuação possível.

Agrupando as escolas foram encontradas 49,5% em situação inadequada, 37,4% em nível de atendimento considerado básico, 12,1% no nível adequado e apenas 1,1% no nível considerado bom.

A situação detectada na pré-escola repete praticamente o quadro das creches, onde a nota ficou em 3,4 e 30,4% das escolas foram classificadas como oferecendo um atendimento inadequado.

Em que pese ter sido muito discutido durante o Seminário se a escala utilizada estava adequada, o resultado confirma a precariedade do atendimento a educação infantil em nosso país. Considerando que é justamente nas capitais que este atendimento possui um volume maior de recursos e as relações de trabalho são mais respeitadas, todos os participantes do Seminário ficaram preocupados com a situação da educação infantil nos demais municípios.

Os dados mostram também que as diferenças regionais e de potencial de arrecadação se refletem no resultado.

A organização do evento ficou de disponibilizar na página da Fundação Carlos Chagas as exposições feitas durante o Seminário






Luiz Araújo

Professor, mestre em políticas públicas em educação pela UnB. Secretário de educação de Belém (1997-2002). Presidente do INEP (2003-2004). Assessor de financiamento educacional da UNDIME Nacional (2004-2006). Assessor do senador José Nery -PSOL/Pa (2007-2009). Consultor na área educacional. Atualmente é Consultor Educacional da UNDIME Nacional.

sábado, 15 de maio de 2010

CPI da Dívida Pública

11/05/2010 16:45


CPI da Dívida aprova relatório, mas descarta auditoria

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a dívida pública brasileira acaba de aprovar seu relatório final, adotando o texto elaborado pelo relator, deputado Pedro Novais (PMDB-MA). O texto sugere medidas para tornar mais transparentes as informações sobre a dívida prestadas pelo governo, e coloca a política de juros altos como principal culpada pela elevação da dívida brasileira.

Um voto em separado (espécie de manifestação alternativa ao voto do relator em uma comissão, podendo ser apresentado por qualquer dos demais integrantes), apresentado pelo deputado Ivan Valente (Psol-SP), propunha a realização de uma auditoria completa da dívida, como foi proposto pela Constituição de 1988, o que gerou a maior divergência sobre a conclusão da CPI. Valente agradeceu o apoio de outros deputados a seu voto, e disse que vai encaminhar suas conclusões ao Ministério Público Federal. “Ao contrário do que disse o relator, achamos que há irregularidades na administração da dívida”, afirmou.

O relator defendeu sua decisão, dizendo que o relatório somente deve ser encaminhado ao Ministério Público quando há responsabilidade a ser apurada. “Não encontrei nenhuma pessoa, nenhum documento, nenhuma informação sequer, mesmo verbal, dizendo que 'fulano' era culpado de alguma irregularidade”, concluiu Novais.

Confira slide sobre os principais pontos do relatório final da CPI da Dívida Pública:

http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/147674.html

Recursos do Fundeb em risco.

quarta-feira, 12 de maio de 2010


Precedente perigoso

 A imprensa nacional publicou acerca de possível desvio feito pelos estados de 1,2 bilhão, que deveriam ter sido depositados no Fundeb e redistribuídos de acordo com os critérios próprios do fundo, ou seja, pela quantidade de matrículas declaradas no censo do ano anterior.



Apesar de ainda estar um pouco nebuloso o caso, tento explicar de que se trata nesta postagem.



1º. Todo ano é feita uma estimativa de receita que comporá cada fundo estadual. A estimativa reúne informações fornecidas pelo Tesouro Nacional e pelas Secretarias de Fazenda dos Estados e do DF.



2º. Com os dados disponibilizados pelo censo escolar é encontrado o valor per capita de cada fundo estadual, que é o produto da divisão das receitas estimadas pelas matrículas declaradas.



3º. Em 2009 a União tinha a obrigação de complementar os fundos estaduais com 5 bilhões de reais. Com os dados disponíveis a União calculou para que fundos estaduais ela teria obrigação de complementar e definiu o valor a ser transferido no decorrer do ano. Em 2009 foram nove estados contemplados.



4º. Como todos sabem, em 2009 tivemos o auge da crise econômica mundial, e foram publicadas duas estimativas de receita do FUNDEB. A primeira em março e a segunda em agosto.



5º. A Lei nº 11.494/2007 obriga os Estados e o Distrito Federal a fornecerem até 31 de janeiro dos três primeiros anos de vigência do FUNDEB os dados com a efetiva arrecadação realizada no ano anterior. Esta obrigação permite que a União verifique se não é necessário fazer ajustes nos quantitativos transferidos para cada um dos nove fundos estaduais beneficiados pela complementação.



6º. No dia 19 de abril foi publicada pelo Diário Oficial da União a Portaria nº 496, que determinou o ajuste financeiro dos valores repassados pela União a título de complementação ao FUNDEB. No anexo da referida portaria constam duas colunas. Uma informa qual era o total previsto para ser repassado das receitas estaduais em cada fundo estadual. Outra informa o quanto efetivamente foi arrecadado e quanto deveria ter sido repassado. É no cruzamento destas informações que aparece o “rombo” de 1,2 bilhão de reais.



Bem, as autoridades entrevistas foram muito comedidas em suas declarações. O responsável pelo monitoramento do FUNDEB. Ouvido pelo O GLOBO, o professor Cesar Callegari, presidente do Conselho Nacional de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb, afirmou que cabe aos estados oferecer uma explicação. Mas ressalvou que será preciso diferenciar o que é sonegação do que é erro contábil. Para ele, no entanto, as duas situações prejudicam o funcionamento do Fundeb. No caso da sonegação, o motivo é evidente: menos recursos no Fundeb significam salários mais baixos para os professores e piores condições de ensino. Erros de informação, por sua vez, afetam outra virtude do Fundeb: a transparência no uso dos recursos.



O mesmo caminho seguiu o coordenador-geral do Fundeb no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Vander Oliveira Borges.



Caso seja efetivamente comprovado que os estados deixaram de depositar parte dos recursos que seriam constitucionalmente obrigados a destinar ao FUNDEB estaremos diante de um enorme precedente, que pode minar a confiabilidade do funcionamento do fundo da educação básica. E por quê?



1º. O FUNDEB é um fundo contábil e a redistribuição dos seus recursos ocorre de forma automática, partindo de uma fórmula de redivisão dos recursos previamente publicada. Por exemplo, o município de Palmas, no estado do Tocantins, pela divisão feita entre receitas previstas e número de alunos matriculados, receberá de todo o recurso arrecadado e repassado para o fundo estadual, com um percentual de 0,073588145 do total de recursos que são repassados.



2º. O mecanismo foi montado para ser automático, não permitindo desvios ou retenções indevidas. Por isso o espanto diante dos dados publicados.



Concordo com o professor Callegari, cabe aos estados explicar e provar que depositaram corretamente os recursos. E isso precisa vir a público rapidamente, para que a confiabilidade do funcionamento do FUNDEB não seja arranhada.

http://rluizaraujo.blogspot.com/

domingo, 2 de maio de 2010

E a Base do Sindiupes ,Acertou!

Caminhada da CUT em Vitória vira comício para Dilma Rousseff



01/05/2010 - 13h49 (Eduardo Fachetti - gazeta online)
 

Cada vez mais reafirmar-se a tese que a Base do Sindiupes tinha toda razão ,quando aprovou em uma plenária dentro do Congresso da Entidade em 2008 ,com mais de 1.800 filiados no momento da votação, a desfiliação da CUT .Ontem no Dia do Trabalhador vimos esta Central transformando o seu Ato em palanque para os Governantes , que para nós Servidores Públicos são os nossos "patrões administrativos". Utilizando-se da contribuição dos trabalhadores para sustentar a política partidaria, nem de longe esta Central (CUT) aplica a polítca que outrora convenceu muitos trabalhadores que poderia ser uma Central que agregaria diversos setores no mundo do trabalho formal e informal , mantendo uma postura independente de Governos. Ainda bem que  os trabalhadores/as filiados/as ao Sindiupes disseram: SIM a desfiliação, caso contrário hoje estariamos constrangidos/as por financiar este aparelhismo partidário no qual a CUT e outras Centrais  defendem .E ao contrário do que muitos apregoavam não houve enfraquecimento nas lutas pelo fato de termos optado pela desfiliação,muito pelo contrário ,continuamos fazendo os nossos movimentos e indo para as ruas quando necessário e num cenário muito dificil ,contra o Governo PH e Prefeitos que gozam de alta popularidade no ES. E o que é melhor a Base definindo suas políticas de forma independente , pois  cabe ressaltar que parte da  Direção do Sindiupes defende esta Central (CUT) governista de forma assumida e uma outra pequena parcela que entrou recentemente na Direção do Sindiupes que pertence  a Força Sindical , Central que nacionalmente é base de sustentação do Governo Federal, opera para o aparelhismo e o Governismo da mesma forma . 
Por isso devemos nos manter em alerta, para que não sejamos novamente levados a contribuir com políticas que só beneficiam os nossos "patrões",  financiada por nossa contribuição sindical. 

sábado, 1 de maio de 2010

Após Assembléia, professores/as de Guarapari unificam a luta com outros Servidores

No dia 30/04, cerca de 500 professores da rede municipal de Guarapari estiveram reunidos em uma Assembléia, no Guaracamping às 16:00 horas e eles avaliaram a proposta da prefeitura de reajuste de 10% parcelado em 3,1%, 2,9% até abril e 4% em agosto. Essa proposta foi rejeitada pela categoria. Os professores de Guarapari desejam um reajuste de 18% e as perdas do município são de pouco mais de 32%. Foi dado um prazo de até o dia 15 de Maio pra prefeitura apresentar uma contraproposta para o magistério. Nessa assembléia foram eleitos os representantes do conselho geral do sindiupes, conselho de alimentação escolar, conselho municipal de saúde. Após a assembléia os professores saíram do Guaracamping e seguiram em passeata até a praça do Itapemirim onde éramos aguardados pelos companheiros do SINTRAG (sindicato de funcionários) e mesmo sob uma chuva intensa a passeata foi realizada até a ponte de Muquiçaba onde os manifestantes ficaram por 5 minutos às 18:00horas. Os motoristas que passavam pelo local apoiavam o movimento e a representante dos movimentos comunitários de Guarapari aparece na manifestação e declarou apoio ao movimento de valorização salarial do magistério e dos funcionários. Depois os professores foram até o centro de Guarapari, voltaram pela ponte de Muquiçaba e voltaram pra praça do Itapemirim. Essa foi uma das maiores manifestações populares de Guarapari. A união do SINDIUPES, SINTRAG e movimentos comunitários foi a grande marca desse movimento, Os diretores do sindiupes Monica Alves e Alexandre Vieira assim como os coordenadores municipais; Adriano e Cida se destacaram nesse movimento, com importantes falas relacionadas ao reajuste salarial, revisão do estatuto e enquadramento.

Alexandre Vieira